A vida moderna, sequenciada por tudo que a cerca, têm suas vantagens: oferece instrumentos ao homem para que ele possa melhorar, se aperfeiçoar. Contudo, devido ao grande potencial mental, por estar cercado por elementos e variáveis estranhas, muitas são as marcas poderosas deixadas no homem.
É na mente que se encontra a capacidade de armazenar traumas que, se não forem sublimados ou analisados com ajuda profissional, tendem a se tornar malditos companheiros, transfigurando a existência das pessoas e criando-lhe sujeições nas mais variadas esferas da vida cotidiana.
Nesse sentido, é importante falar de uma das conseqüências mais curiosas e corriqueiras de um trauma: o TOC. (TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO), que faz com que a pessoa tenha a mente sobrecarregada por elementos traumáticos, tornando-se um constrangido e envergonhado escravo, muitas vezes discriminado pelos leigos ou pessoas que com ele convive.
Muitas são as possibilidades que geram o surgimento do TOC.
Pode ser desencadeada pela morte de um ente querido; por pressão demasiada sofrida na infância; não aceitação ao ambiente em que vive; e, sobretudo, em pessoas que já sofreram algum tipo de abuso sexual, principalmente na infância e não dividiram esta dor com alguém, criando alforjes pesados para o seu suporte.
Ao optar por não compartilhar sua dor o ente acaba privando-se de ajuda e passa a alimentar uma angustia que só tende a transformar-se em revolta, causando-lhe um transtorno capaz de transfigurar o comportamento de forma lenta e poderosa, pois é fato que uma dor represada é um perigo potencial para qualquer mente sã.
Entretanto, não estou dizendo que a experiência dolorosa, necessariamente, vá desaparecer de sua mente e que os problemas acabarão num passe de mágica. Afinal de contas, cada caso exibe sua singularidade, pois singular é a pessoa e infelizmente (ou felizmente) a mente humana não vem acompanhada de um manual (vai que ele cai na mão de um humano, aí o diabo vira moleque).
Outro aspecto importante a ser citado sobre traumas dessa natureza é o quanto é comum que a vítima comece a se torturar achando que tudo só aconteceu porque vacilou, deu bobeira, ou porque deixou de fazer isso ou aquilo.
A pessoa olha pra trás, para e pensa: “Eu poderia ter feito isso” ou “eu não deveria ter ido a tal lugar” poderia ter gritado, enfim... a mente procura exercer fixações inerentes a algum aspecto que tenha envolvido o evento desencadeador. Também é comum que a pessoa que foi agredida passe a considerar o lugar da agressão como maldito, e não mais se permita passar por ali,ou por qualquer semelhante. Iniciando assim uma verdadeira peregrinação, andando mais, ou buscando ruas diferentes no afã de evitar o contato com qualquer similaridade com o evento, pois fixou a idéia de que ao passar por alí o pior poderá se repetir.
É freqüente também que traumas se desenvolvam a partir de situações como essa: a mãe havia dito à criança que não percorresse tal caminho, pois o mesmo era perigoso, escuro, etc. Mas a pessoa insistiu, foi vitimada e passa a ser tomada de tal forma pela culpa, que inicia o pensamento fixo de que deve ser punido e só andará então pela mesma rua, como uma maneira de se penitenciar, revivendo diariamente a mesma dor.
Ou ainda inicia um processo de contagem de números: se contar até um número par, não acontecerá mais tragédia. Daí conta até cem, mas de repente se o número da sorte for o cento e doze? Conta o cento e doze. Se perto do local havia uma porta, a partir daquele dia toda vez que vir uma porta, vai fechar os olhos, ou mais, começa a andar de olhos fechados, para que não exista a possibilidade de vir uma porta, ou sempre que avistar uma porta, começará a orar ou toma um banho longo logo após o fato, mas continua se sentindo suja e inicia uma jornada eterna de banhos longos(existe banhos que duram até mesmo dez horas diárias). E por aí vai... Estas são algumas das mazelas a que a mente de criaturas mais desavisadas estão sujeitas.
Se uma pessoa vitimada, sobretudo de abuso sexual, conversar com alguém sobre a experiência, por mais doloroso que seja fazê-lo, certamente diminuirá as chances de sofrer um transtorno de comportamento com a amplitude do TOC. Portanto, por menor que seja o seu problema, ou a sua angústia, divida com alguém. Na falta de um psicólogo, busque um amigo ou um parente de sua confiança .
Será de grande valia, pois com esta conversa, um bom choro e um forte abraço, você poderá evitar um inferno mental que pode se tornar perene. Se você não tem um amigo em quem possa confiar e desabafar, não espere lhe acontecer mais uma tragédia, pois você já estará vivendo duas, o TOC e a falta de amigos. Corra e procure um profissional para conversar e descobra porque o mundo inteiro se relaciona entre si e você não. Bom meu caro,você é que sabe, este foi apenas um TOC.