Eu estou assím, meio que querendo uma coisa "clean", "sei lá meu", "tipo isso"... (risos) entendeu? Eu também não. Então você talvez entenda que eu não entendi nada quando a recepcionista de um hotel da capital mineira me perguntou se eu já ia fazer meu “checalt” (e não adianta falar mal que eu não vou escrever em inglês) e eu respondi: “Como senhora?”. Recebi um olhar de desprezo e uma resposta ácida como soda cáustica... “CHECALT, a senhora vai fazer agora?”. E eu rebati: “Desculpe é que pensei que eu estivesse no Brasil, mas avise seu gerente que eu estou pedindo a conta.”
Paguei o motorista de táxi e agradeci, e ele disse “OK”. Quando cheguei ao aeroporto, uma não tão gentil senhora, funcionária da empresa aérea, me comunicou na fila que eu teria que me aproximar de uma máquina inteligente para fazer o meu “chequim” (já disse que não escrevo em inglês) e eu obedeci mansamente.
Na tela, a infeliz máquina oferecia várias opções, dentre elas a de proceder usando o CPF, mas quando eu digitava o número do meu CPF, ela acusava erro... enfim, não consegui acompanhar aquela tecnologia de "ponta" (de lança) e pedi ajuda àquela “adorável” pessoa, mas ela me deu o segundo olhar de repúdio do dia e disse "A senhora não consegue porque não está colocando o número do “e-tiquete” (desista). Arrisquei bastante constrangida, "A senhora está falando do número do localizador?”. Ela respondeu: “E-TI-QUE-TE”. Eu, vencida e humilhada, respirei fundo e disse bem baixinho: "Eu vou voltar para aquela fila de onde eu nunca deveria ter saído. Vou querer ser atendida por uma daquelas lindas atendentes... e corre lá e avisa que eu só falo português, caso contrário eu vou surtar aqui, enlouquecer, arrancar os cabelos, enfiar o dedo no nariz, fazer xixi no meio do saguão e voce não vai querer ver isso não é?”.
Assim, meus senhores, eu voltei pra casa uma pessoinha anarquisada, me sentindo, com amnésia em terra estranha. Conseguiu sentir o drama? Ahhh, isso não é nada! Assím que entrei em casa meu lindo filho pediu para ser levado ao estádio, ele e um amigo. No caminho ele me disse que o jogo seria o "maióbom" e o amigo requintou com um "é tipoisso", confesso que me vizualizei arrancando o cabo da internet e quebrando o computador de minha casa, fora as caveiras, martelos e caracóis que mentalizei, mas acabei me limitando a dar um sorrizinho e fui embora. De repente o celular tocou: era o meu big filho dizendo que o estádio estava "o maior vazio" e que ele queria voltar para casa. O amigo ficou por lá, tipo curtindo o "malzão do jogo".
Daí pensei: eu estou é dando murro em ponta de faca, assoviando e chupando cana, tocando o sino enquanto acompanho a procissão, furando água com pedra, cantando até rachar o bico, fingindo que filho de peixe peixinho é, deixando quem não me conheça que me compre, dizendo discunjuro, fazendo de conta que sou paidégua, arretada, pé de mulesta, que sou de arrancar o cano, que a coisa tá preta, que a coisa tá russa, que isso é coisa da puta que pariu, coisa do cacete, arre égua, que este povo tá pensando que é a bala que matou Senna ou a curva que matou Kennedy e que podem ir para as profundezas do inferno que eu só vou dizer “Ai, ai, mas eu estou é na TERRA BRASILIS”.
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